Numa pacata aldeia onde não existe bicho algum, seja ele quadrúpede, peixe, réptil, pássaro ou inseto, as crianças são proibidas de entrar no bosque vizinho, onde, segundo os adultos, reina Nehi, o demônio das montanhas. Quem se embrenhou por lá não voltou, ou então voltou avariado. Na escola, a solitária professora Emanuela desenha e descreve os animais que chegou a conhecer em sua infância, mas os alunos riem dela, pois seus pais lhe asseguram que tais seres não passam de lendas malucas e perigosas. Dois dos alunos, porém, não se satisfazem com as explicações dos adultos e resolvem se aventurar pelo bosque para ver com os próprios olhos o que existe lá. Habituado a discutir com originalidade e lucidez, tanto em seus livros como em sua militância pessoal, os grandes dilemas políticos e sociais de nossa época, Amós Oz mergulha aqui no registro da fantasia para tratar de temas como a discriminação, a convivência com o outro e a integração do homem com a natureza. O livro é uma fábula estranha e encantadora sobre a importância da independência de espírito como antídoto à intolerância e ao obscurantismo. Uma fábula, como ele mesmo declarou, para todas as idades.
Título Original: Suddenly In the Depths of the Forest
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Ano de Edição: 2005
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Uma fábula onde os animais não falam, mas fala-se deles e do seu desaparecimento do bosque numa noite de tempestade. Alguns habitantes mais antigos da aldeia afirmam terem visto quando a sombra de Nehi, o demônio, passou pelo bosque levando atrás de si muitas outras sombras, às quais juntaram-se todos os animais: carneiros, raposas, tigres, jumentos, vacas, cobras, insetos, aves...
Desde então, paira sobre a aldeia a seguinte dúvida: todos aqueles animais teriam mesmo existido ou seriam apenas lenda dos aldeões mais velhos? Estes dizem aos mais jovens que é perigoso entrar no bosque, pois o demônio Nehi poderia levá-los, assim como fez com todos os animais. A desconfiança e o medo são constantes na aldeia.
Porém, há duas crianças, Maia e Mati, destemidas e curiosas, que contrariam todos os conselhos e entram no bosque. Elas encontram pelo caminho um peixe dourado, um homem assando batatas e até um menino da sua escola, que sofria humilhações dos colegas por ser diferente de todos.
As crianças avistam, finalmente, um lindo palácio, com um jardim todo enfeitado e iluminado pelos vaga-lumes, onde estavam todos os bichos que haviam desaparecido do bosque. Aquilo lembrava o paraíso, onde reinava a paz e a tranqüilidade, sem predadores, com todos os animais vivendo entre plantas, flores, gramas e árvores frutíferas. Havia até um arbusto cujos frutos tinham sabor de carne, para os animais carnívoros. E o feiticeiro Nehi e todos os animais falavam a mesma língua..
Maia e Mati ouvem de Nehi que os bichos fugiram do bosque para escaparem dos maus tratos e do extermínio a que estavam submetidos pelos humanos. Os cavalos eram chicoteados, os pássaros eram mortos a tiros, as vacas sofriam nos arados, os insetos eram envenenados... Nehi, então, criou aquele palácio e aquele jardim para os animais viverem em segurança, longe do alcance dos homens.
Amós Oz, famoso escritor israelense já bastante conhecido no Brasil, nos apresenta uma fábula diferente, onde o conceito tradicional de bom e mau adquire outras feições. O demônio, aqui representado pelo feiticeiro Nehi, assume no texto outras características, torna-se a imagem da bondade, daquele que estende a mão ao injustiçado, daquele que salva.