Na época de seu lançamento, em 1950, as críticas americana e inglesa receberam com fortes reservas o novo romance do já então famoso Ernest Hemingway, embora ele próprio o considerasse uma das melhores coisas que já escrevera. Acostumados à linguagem dura, direta, de seus contos extraordinários, e à economia de palavras que caracterizava sua prosa de ficção, os gurus literários consideraram que o texto de Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores estava dominado pelo excessivo e surpreendente sentimentalismo. Nele se encontram, porém, os temas tão caros a Hemingway, como amor e morte, o indivíduo em choque com o mundo em que vive, o contraponto entre a virilidade do homem enquanto cavaleiro-andante e sua sensibilidade de menestrel. Como protagonista da história, temos o coronel Richard Cantwell, da Infantaria dos Estados Unidos, que aos cinqüenta anos se vê dominado por um tédio existencial e regressa ao norte da Itália numa espécie de busca do tempo. Depois dos bombardeios da 2ª Guerra Mundial, com famílias ainda chorando seus mortos, e civis e militares caminhando rancorosos pelas ruas, os relatos de Cantwell impregnam-se de melancolia de quem viu como tudo aconteceu. Hemingway coloca muito de si próprio na figura do coronel Cantwell, nesse retorno simbólico à juventude e à paixão por uma linda mulher muito mais jovem. Mas a comunhão de fundo com diversas e curiosas aproximações possíveis entre o protagonista e o romancista não se prende às coincidências factuais e sim a um sentimento de exaustão em relação às guerras.
Título Original: Across the River and Into the Trees
OutrosTítulos: Na Outra Margem, Entre as Árvores
Ano de Edição: 1950
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Avaliação interna (1 a 5): 3
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Across the River and Into the Trees (Do outro lado do rio, entre as árvores BRA ou Na Outra Margem, Entre as Árvores POR) é um romance do escritor norte-americano Ernest Hemingway, publicado em setembro de 1950, tendo aparecido primeiro em série na Cosmopolitan. O título é derivado das últimas palavras do General Confederado Thomas J. (Stonewall) Jackson.
Não muito antes de escrever o romance, durante uma viagem à Itália, Hemingway encontrou a jovem Adriana Ivancich por quem se apaixonou e que usou como modelo para a personagem feminina no romance. O tema central do romance é a morte, e, mais importante, como a morte é enfrentada. Um biógrafo e crítico vê um paralelo entre Na Outra Margem, Entre as Árvores, de Hemingway, e Morte em Veneza, de Thomas Mann. O romance é construído em camadas sucessivas de simbolismo, como em outras obras suas, empregando Hemingway aqui o seu distinto estilo comedido (teoria do iceberg), onde a substância se encontra abaixo da superfície da trama.
Hemingway disse sobre Na Outra Margem, Entre as Árvores que "O início do livro é lento, depois o ritmo aumenta até que se torna impossível de suportar. Elevo a emoção até um nível difícil de suportar, depois estabilizamos, de modo a que não tenhamos de facultar tendas de oxigénio aos leitores."
Hemingway escreveu o livro em Itália, Cuba e França, tendo sido o primeiro dos seus romances a ter comentários e e notas de imprensa desfavoráveis. No entanto foi um campeão de vendas na América, passando 7 semanas no topo da lista do The New York Times em 1950. Foi, na verdade, o único romance de Hemingway no topo desta lista. Desde a sua publicação que os críticos o consideram uma componente importante do universo ficcional de Hemingway.